Logan Henderson era um maluco
com cabelos negros e Demi o adorava. Se não estivesse apaixonada por outro
homem, certamente acabaria se casando com ele.
— Torta de maçã! — exclamou
ao entrar na sala e encontrar pai e filha sentados à mesa do jantar.
— Olá, sr. . Como vai?
— Faminto e disposto a matar por esta torta. Tire os olhos dela, porque não vou
dividi-la com ninguém! —Pense bem, sr. Lovato. As vacas prenhas estão prestes
a parir, aquele touro doente precisa de cuidados e as vacinas não foram
aplicadas.
—Ei, isso é golpe baixo!
—Só quero um pedacinho...
—Sente-se de uma vez — Eddie suspirou. — Mas saiba que eu não divido minhas tortas com qualquer um, e se não
parar com essas visitas noturnas, vai ter de se casar com Demi. —É só marcar a
data! Demi respondeu: —Dia seis de julho, daqui a vinte anos. Quero viver um
pouco antes de me amarrar.
—Você já viveu vinte e dois anos — comentou o Eddie — E eu quero ter netos.
—Não sei... Tenho pensado em ingressar no
Corpo de Paz...
— Você o quê?
—Quero alargar meus horizontes, papai —
justificou-se, sem dizer que seria uma boa desculpa para afastar-se de Joe e
de toda a dor que ele provocava. —Você acabaria morrendo num daqueles lugares
estranhos — disse Eddie. — Não vou permitir! —Eu tenho vinte e dois anos, papai. Posso
fazer o que quiser sem sua permissão.
—Quem vai cozinhar, cuidar da
casa e...?
—Arrume uma empregada.
—Ah, é claro — ele riu.
Lembrando-se da situação
financeira da família, Demetria arrependeu-se por ter feito uma brincadeira tão
cruel.
— Eu não vou a lugar algum —
garantiu. — E não se preocupe, porque tudo vai melhorar.
—Reze para chover — Logan
sugeriu entre dois pedaços de torta.
— É o que todos estão
fazendo. Nunca vi tantos fazendeiros na igreja. Depois de comerem metade da
torta, Logan e o dono da fazenda decidiram ir ver o touro doente.
—Eu não costumo fazer
trabalho noturno, mas por essa torta viria atender um bezerro às três da manhã.
—Vou me lembrar disso — Demi
sorriu.
—Você é um encanto. Se algum
dia decidir casar-se, lembre-se de mim.
—Vou incluir seu nome na
lista de pretendentes.
—O que acha de um cinema na
sexta à noite? Podemos jantar em
El Paso e pegar a última sessão.
— Perfeito.
Logan era uma excelente
companhia, e ela estava precisando de diversão.
Eddie fez uma careta e avisou:
— Não devo voltar antes da
meia-noite. Depois do exame, quero ir ver os livros de Berry antes dos fiscais
do imposto chegarem. Não me espere.
—Divirta-se — ela
respondeu. Era uma piada familiar, porque Berry mantinha os livros tão confusos
que era um sacrifício revisá-los. Podiam encontrar alguém mais qualificado, mas
Jack Berry já tinha idade e não conseguiria encontrar trabalho fora da região.
Eddie tinha o coração mole e o contratara, o que significava que, na época dos
impostos, tinha de rever toda a contabilidade da fazenda. Sua bondade excessiva
era a principal causa para a lastimável situação financeira em que estava e,
não fosse pela aparição súbita e conveniente de Joseph, teriam perdido a
fazenda três anos antes.Joseph... Demetria estava preocupada com ele. Não
parecera muito embriagado quando fora vê-lo no alojamento, e isso era estranho.
Suas bebedeiras anteriores haviam sido formidáveis e pensando nisso, decidiu ir
visitá-lo novamente antes que o pai pensasse em fazer o mesmo mais tarde. O alojamento
estava movimentado, mas ninguém sabia onde Joe podia estar.
—Ele não disse onde ia, srta.
Lovato. — informou um dos peões — Mas eu vi quando pegou o carro e tomou a
direção de Juárez.
—Ah, não! Ele foi no caminhão
da fazenda?
—Não. Saiu no carro dele,
aquele Ford velho.
— Obrigada.
Felizmente sabia dirigir.
Furiosa, pensou em quem cuidaria daquele vaqueiro teimoso quando ela fosse
embora, e o pensamento a entristeceu. Ele não teria dificuldades para encontrar
alguém disposto a pajeá-lo. especialmente com aquele rosto lindo e aquele corpo
fabuloso. Além do mais, Ashley estava sempre por perto. Algum tempo depois
alcançou a fronteira e o policial lembrou-se do velho Ford branco que passara
pouco antes. Demetria agradeceu a informação, entrou em Juárez e dirigiu pela
cidade até encontrar o carro de Joseph parado numa rua deserta. Estacionou,
desceu e continuou a pé.
Felizmente usava as mesmas
roupas de antes, uma calça jeans velha e um suéter branco, o tipo de roupa
ideal para andar sozinha e à noite, especialmente em lugares como aquele.
Deixara a porta do quarto trancada para que o pai pensasse que estava dormindo,
mas se ele voltasse e percebesse a ausência do caminhão, descobriria tudo.
Eddie gostava de Joseph, mas não pensaria duas vezes para demiti-lo se o
encontrasse bêbado. Havia um bar perto de onde estacionara o caminhão e tinha
quase certeza de que ele estava lá. Olhou pela janela, mas só viu um punhado de
mexicanos e um ou dois jovens americanos.
Continuou caminhando,
verificando todos os bares, até que, desanimada, resolveu voltar para casa. Já
estava chegando ao caminhão quando decidiu dar mais uma olhada naquele primeiro
bar. Joe praguejou ao vê-la e, notando sua expressão furiosa, Demetria soube
que as táticas que usara naquela tarde seriam inúteis. Agora teria de encontrar
outra forma de convencê-lo.
—Olá — disse com tom
gentil.
—Se veio me buscar, pode ir
embora — disse, segurando a garrafa de tequila cujo conteúdo já havia sido
quase todo consumido.
— Está quente aqui dentro. Um
pouco de ar fresco pode ajudá-lo.
Ele riu:
—Acha mesmo? E se eu não
quiser ir? Vai me jogar sobre os ombros e me carregar para casa?
Era horrível. Ele a tratava
como se fosse um dos peões, e isso a magoava profundamente. Mesmo assim, Demi
forçou um sorriso:
— Posso tentar... -
Examinando-a dos pés à cabeça, Joseph sorriu novamente e comentou:
— Ainda está usando jeans.
Por que não veste roupas de mulher? Por acaso tem pernas, ou seios?
Vermelha, notando que alguns
freqüentadores estavam atentos à conversa, ela ignorou a ofensa e
desafiou:
—Aposto que não consegue ir
sozinho até o carro.
—É claro que posso!
— Só acredito vendo. Se
levantar dessa cadeira, vai acabar caindo com a cara no chão! - Ele resmungou
alguma coisa e levantou-se, oscilando um pouco. Jogou uma nota de vinte dólares
sobre o balcão e disse:
—Pode ficar com o troco.
Demi viu que ele saía e
congratulou-se pela tática. Na rua, Joseph tirou o chapéu e coçou a cabeça
antes de recolocá-lo.
—Está calor — disse. — Vamos
caminhar um pouco?
—É claro que sim.
— Então chegue mais perto,
mocinha. Não posso deixar você se perder no meio da noite. - Sabia que ele
estava embriagado, mas era tão maravilhoso ter aquele braço sobre os ombros que
até o cheiro de tequila transformou-se em perfume.
Vendo que ela o levava para o
carro, Joe parou e protestou:
—Não quero ir para casa.
Vamos aproveitar a noite.
—Joe, esta parte da cidade é
perigosa...
—Meu nome é Joseph.
Era estranho saber que ele
tinha um nome de verdade. Sorrindo, Demi comentou:
—É bonito. Gosto desse nome.
—E o seu é Demetria Devonne
Lovato.
—Isso mesmo — confirmou,
feliz por descobrir que ele sabia seu nome completo.
—Você vive cuidando de mim,
Demetria Devonne Lovato. Por que não nos casamos de uma vez? — Olhando em
volta, apontou para uma pequena capela e disse:
— Veja, está aberta! Venha
comigo.
— Joe, não podemos...
—É claro que podemos. Aqui
ninguém precisa de papéis para fazer um casamento. E é legal, sabia? - Em
pânico, Demi pensou no que aconteceria quando a bebedeira passasse e ele descobrisse
que estavam casados. Não sabia se um casamento no México era válido no Texas,
mas não podia permitir tamanha loucura.
— Escute aqui — começou. —Se
não se casar comigo, vou entrar naquele bar atirando e nós dois iremos parar na
cadeia. O que acha?
Não havia como obrigá-lo a desistir. Além do mais, qualquer
um podia notar que estava bêbado, e nem mesmo um padre mexicano aceitaria
realizar um casamento em condições tão absurdas.
Pensando em como o levaria para casa, decidiu acompanhá-lo
até a capela. Joe possuía uma arma e licença para usá-la, e ela não sabia se
estava armado naquele momento. Melhor não arriscar. O mexicano que os recebeu
na capela não conhecia seu idioma, e Demetria não pôde explicar o que estava
acontecendo. Por outro lado, Joe falava espanhol com perfeição e conseguiu
convencer o homenzinho que, sorrindo, desapareceu por uma porta. Segundos
depois ele voltou, trazendo uma bíblia e duas mulheres. Fez um discurso rápido,
insistiu para que os noivos dissessem sim e depois Demi foi abraçada pelas duas
desconhecidas. Joe rabiscou sua assinatura num papel e esperou que o padre lhe
entregasse um documento.
— Aqui está — disse com voz pastosa.
— Tudo legal e perfeito. Venha me dar um beijo, esposa! —
Estendeu os braços e caiu de costas no chão empoeirado da capela. Os minutos
seguintes foram tumultuados. Demi finalmente conseguiu explicar que precisava
levá-lo para o carro e o mexicano foi buscar dois rapazes fortes e jovens, que
levantaram Joe como se fosse um saco de batatas e o carregaram para o caminhão.
Demi deu dois dólares aos rapazes, tudo o que tinha no bolso, e fez o possível
para demonstrar o quanto estava grata, mas eles devolveram o dinheiro, sorriram
e apontaram para o caminhão em péssimo estado, indicando que haviam percebido sua
deplorável condição financeira. Aliviada, Demetria agradeceu mais uma vez,
guardou o documento no bolso das calças e ligou o motor. Felizmente o jipe de
seu pai ainda não estava na fazenda quando chegou, e Demi pôde estacionar o
caminhão perto do alojamento.
—Preciso de um favor — disse em voz baixa quando Bud, um dos
temporários, abriu a porta. — Joseph está no caminhão. Pode trazê-lo para cá
antes que meu pai chegue e o veja?
—Você trouxe o chefe no caminhão? Por que? O que ele
tem?
— Tequila.
—Meu Deus! Não sabia que era alcoólatra.
—E não é. Pode pegá-lo, por favor?
—É claro que sim, srta. Lovato — e seguiu-a, deixando a
porta do alojamento aberta.
— Se meu pai encontrar Joseph nesse estado, ele pode dizer
adeus ao emprego.
—Seu pai não gosta de bebidas, não é?
— Detesta.
Ela abriu a porta do caminhão e Bud pegou Joseph,
jogando-o sobre os ombros sem a menor delicadeza.
— Muito obrigada, Bud.
—Por nada, srta. Lovato. Boa noite.
Ela entrou no caminhão, ligou o motor e foi estacionar atrás
da casa, onde costumavam deixá-lo. Depois entrou e subiu a escada aos pulos,
temendo ser encontrada pelo pai. Despiu-se e, ao tirar as calças, viu o pedaço
de papel que caiu de um dos bolsos. Desdobrou-o e viu seu nome ao lado do de
Joseph Adam Jonas no documento escrito em espanhol. A certidão
de casamento. Felizmente não tinha o menor valor legal. Mesmo assim, decidiu
guardá-la, pois pelo menos poderia olhar para aquele papel e sonhar com o que
teria acontecido se tudo fosse verdadeiro, se Joseph realmente a amasse e se
tornasse seu marido. Guardou a certidão numa gaveta da penteadeira e foi para a
cama suspirando. Tentou imaginar quanto ele seria capaz de lembrar no dia
seguinte e esperou que não ficasse muito furioso por terem abandonado o velho
Ford em Juárez, pois poderia ir buscá-lo quando estivesse sóbrio. De qualquer
forma, devia estar grato por ela ter ido salvá-lo, porque não encontraria outro
emprego com o inverno tão próximo. Não queria perdê-lo, e preferia ter de
cuidar dele como se fosse um bebê a nunca mais vê-lo. Na manhã seguinte,
Demetria acordou com alguém batendo na porta.
—O que é isso? — perguntou assustada.
—Você sabe muito bem o que é isso!
Era Joseph que, furioso, havia entrado sem pedir licença.
Demi sentou-se na cama e puxou as cobertas para esconder o corpo, exposto pela
camisola transparente.
—Joseph! Que diabos pensa que está fazendo?
— Onde está? — ele perguntou com um brilho intenso nos
olhos.
— Desculpe, mas ainda não sei ler pensamentos.
— Não brinque! Eu me lembro de tudo, Demetria Lovato!
Obrigado por cuidar de mim com tanta atenção, mas não vou permanecer casado
agora que estou sóbrio! Onde está a certidão?
Era uma oportunidade de ouro para salvar seu orgulho e a
amizade que tanto preservava sem ter de explicar por que o deixara arrastá-la
para uma igreja mexicana no meio da noite. Tinha certeza de que o casamento não
tinha validade no Texas, e por isso podia fazê-lo acreditar que a cerimônia
não
—Que certidão? — perguntou com ar inocente.
Ele hesitou por alguns instantes e disse:
—Eu estava no México, num bar em Juárez. Você foi
atrás de mim... e nós nos casamos.
—Nós fizemos o quê?
— Eu tenho certeza! Entramos numa pequena capela e a
cerimônia foi em espanhol... e havia um papel.
—O único papel que vi foi aquela nota de vinte dólares que
você jogou sobre o balcão do bar. E se Bud não tivesse me ajudado a tirá-lo do
caminhão, você estaria desempregado. Sabe o que papai pensa sobre bebedeiras, e
já estou farta de evitar as encrencas que você vive procurando!
—Eu não posso ter imaginado tudo isso.
—Imaginou uma porção de coisas na noite passada — ela riu. —
Primeiro disse que estava atrás de um fugitivo da cadeia do Texas. Depois
transformou- se num caçador de serpentes e queria ir procurá-las no deserto.
Felizmente eu consegui trazê-lo para casa antes que arrumasse uma boa
encrenca.
—Eu... sinto muito.
— Tudo bem. Pelo menos não houve nenhuma conseqüência séria.
Até agora... Se meu pai encontrar você aqui, garanto que vai armar uma bela
confusão.
—Não seja boba! Você parece um moleque! Exatamente o que
havia dito na noite anterior. - Com esforço, Demi disfarçou a dor que sentia e
sorriu:
—Mesmo assim. Você e papai não terão café da manha se não
sair daqui agora mesmo. A propósito... seu carro está em Juárez.
— E essa! Vou ver se consigo encontrar alguém com tempo para
ir buscá-lo. Desculpe se criei problemas para você, Demi. Ainda tenho direito
ao café?
Aliviada por não precisar mentir novamente, ela sorriu e
disse:
—É claro que sim.
—Ótimo. Demi... precisa parar com essa mania de me pajear.
—Foi a última vez — ela prometeu com sinceridade.
—Espero que sim — e dirigiu-se à porta, de onde virou-se
para dizer — Obrigado mais uma vez. - Ao ver que ele saía e fechava a porta
atrás de si. Demi deixou-se cair sobre o travesseiro e respirou fundo. Agora só
precisava saber se o casamento não tinha realmente valor legal.
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Gente, eu queria postar até o capítulo três mas não vai dar, acabei tendo um imprevisto e vou ter que postar só amanhã pra vocês.
Stay Strong!
XOXO
Bia.
Você sempre me surpreendendo!
ResponderExcluirLi esse capítulo ontem, mas tive que ir embora sem comentar.
Muito perfeito...
Hahaha imagina... o que é isso!
ExcluirNão tem problema flor, mas obrigada por ter comentando mesmo tendo ontem haha