Chapter two.



Logan Henderson era um maluco com cabelos negros e Demi o adorava. Se não estivesse apaixonada por outro homem, certamente acabaria se casando com ele. 
— Torta de maçã! — exclamou ao entrar na sala e encontrar pai e filha sentados à mesa do jantar.
 — Olá, sr. . Como vai? — Faminto e disposto a matar por esta torta. Tire os olhos dela, porque não vou dividi-la com ninguém! —Pense bem, sr. Lovato. As vacas prenhas estão prestes a parir, aquele touro doente precisa de cuidados e as vacinas não foram aplicadas.
—Ei, isso é golpe baixo!
—Só quero um pedacinho...
—Sente-se de uma vez — Eddie suspirou. — Mas saiba que eu não divido minhas tortas com qualquer um, e se não parar com essas visitas noturnas, vai ter de se casar com Demi. —É só marcar a data! Demi respondeu: —Dia seis de julho, daqui a vinte anos. Quero viver um pouco antes de me amarrar.
 —Você já viveu vinte e dois anos — comentou o Eddie — E eu quero ter netos. 
—Não sei... Tenho pensado em ingressar no Corpo de Paz... 
— Você o quê? 
—Quero alargar meus horizontes, papai — justificou-se, sem dizer que seria uma boa desculpa para afastar-se de Joe e de toda a dor que ele provocava. —Você acabaria morrendo num daqueles lugares estranhos — disse Eddie. — Não vou permitir! —Eu tenho vinte e dois anos, papai. Posso fazer o que quiser sem sua permissão.
—Quem vai cozinhar, cuidar da casa e...?
—Arrume uma empregada.
—Ah, é claro — ele riu.
Lembrando-se da situação financeira da família, Demetria arrependeu-se por ter feito uma brincadeira tão cruel. 
— Eu não vou a lugar algum — garantiu. — E não se preocupe, porque tudo vai melhorar. 
—Reze para chover — Logan sugeriu entre dois pedaços de torta. 
— É o que todos estão fazendo. Nunca vi tantos fazendeiros na igreja. Depois de comerem metade da torta, Logan e o dono da fazenda decidiram ir ver o touro doente. 
—Eu não costumo fazer trabalho noturno, mas por essa torta viria atender um bezerro às três da manhã.
—Vou me lembrar disso — Demi sorriu.
—Você é um encanto. Se algum dia decidir casar-se, lembre-se de mim.
—Vou incluir seu nome na lista de pretendentes.
—O que acha de um cinema na sexta à noite? Podemos jantar em El Paso e pegar a última sessão.
— Perfeito.
Logan era uma excelente companhia, e ela estava precisando de diversão.
Eddie fez uma careta e avisou:
— Não devo voltar antes da meia-noite. Depois do exame, quero ir ver os livros de Berry antes dos fiscais do imposto chegarem. Não me espere.
 —Divirta-se — ela respondeu. Era uma piada familiar, porque Berry mantinha os livros tão confusos que era um sacrifício revisá-los. Podiam encontrar alguém mais qualificado, mas Jack Berry já tinha idade e não conseguiria encontrar trabalho fora da região. Eddie tinha o coração mole e o contratara, o que significava que, na época dos impostos, tinha de rever toda a contabilidade da fazenda. Sua bondade excessiva era a principal causa para a lastimável situação financeira em que estava e, não fosse pela aparição súbita e conveniente de Joseph, teriam perdido a fazenda três anos antes.Joseph... Demetria estava preocupada com ele. Não parecera muito embriagado quando fora vê-lo no alojamento, e isso era estranho. Suas bebedeiras anteriores haviam sido formidáveis e pensando nisso, decidiu ir visitá-lo novamente antes que o pai pensasse em fazer o mesmo mais tarde. O alojamento estava movimentado, mas ninguém sabia onde Joe podia estar. 
—Ele não disse onde ia, srta. Lovato. — informou um dos peões — Mas eu vi quando pegou o carro e tomou a direção de Juárez.
—Ah, não! Ele foi no caminhão da fazenda?
—Não. Saiu no carro dele, aquele Ford velho.
— Obrigada. 
Felizmente sabia dirigir. Furiosa, pensou em quem cuidaria daquele vaqueiro teimoso quando ela fosse embora, e o pensamento a entristeceu. Ele não teria dificuldades para encontrar alguém disposto a pajeá-lo. especialmente com aquele rosto lindo e aquele corpo fabuloso. Além do mais, Ashley estava sempre por perto. Algum tempo depois alcançou a fronteira e o policial lembrou-se do velho Ford branco que passara pouco antes. Demetria agradeceu a informação, entrou em Juárez e dirigiu pela cidade até encontrar o carro de Joseph parado numa rua deserta. Estacionou, desceu e continuou a pé. 
Felizmente usava as mesmas roupas de antes, uma calça jeans velha e um suéter branco, o tipo de roupa ideal para andar sozinha e à noite, especialmente em lugares como aquele. Deixara a porta do quarto trancada para que o pai pensasse que estava dormindo, mas se ele voltasse e percebesse a ausência do caminhão, descobriria tudo. Eddie gostava de Joseph, mas não pensaria duas vezes para demiti-lo se o encontrasse bêbado. Havia um bar perto de onde estacionara o caminhão e tinha quase certeza de que ele estava lá. Olhou pela janela, mas só viu um punhado de mexicanos e um ou dois jovens americanos.
Continuou caminhando, verificando todos os bares, até que, desanimada, resolveu voltar para casa. Já estava chegando ao caminhão quando decidiu dar mais uma olhada naquele primeiro bar. Joe praguejou ao vê-la e, notando sua expressão furiosa, Demetria soube que as táticas que usara naquela tarde seriam inúteis. Agora teria de encontrar outra forma de convencê-lo. 
—Olá — disse com tom gentil. 
—Se veio me buscar, pode ir embora — disse, segurando a garrafa de tequila cujo conteúdo já havia sido quase todo consumido.
— Está quente aqui dentro. Um pouco de ar fresco pode ajudá-lo.
Ele riu:
—Acha mesmo? E se eu não quiser ir? Vai me jogar sobre os ombros e me carregar para casa? 
Era horrível. Ele a tratava como se fosse um dos peões, e isso a magoava profundamente. Mesmo assim, Demi forçou um sorriso: 
— Posso tentar... - Examinando-a dos pés à cabeça, Joseph sorriu novamente e comentou: 
— Ainda está usando jeans. Por que não veste roupas de mulher? Por acaso tem pernas, ou seios? 
Vermelha, notando que alguns freqüentadores estavam atentos à conversa, ela ignorou a ofensa e desafiou:
—Aposto que não consegue ir sozinho até o carro.
—É claro que posso!
— Só acredito vendo. Se levantar dessa cadeira, vai acabar caindo com a cara no chão! - Ele resmungou alguma coisa e levantou-se, oscilando um pouco. Jogou uma nota de vinte dólares sobre o balcão e disse:
—Pode ficar com o troco.
Demi viu que ele saía e congratulou-se pela tática. Na rua, Joseph tirou o chapéu e coçou a cabeça antes de recolocá-lo.
—Está calor — disse. — Vamos caminhar um pouco?
—É claro que sim.
— Então chegue mais perto, mocinha. Não posso deixar você se perder no meio da noite. - Sabia que ele estava embriagado, mas era tão maravilhoso ter aquele braço sobre os ombros que até o cheiro de tequila transformou-se em perfume.
Vendo que ela o levava para o carro, Joe parou e protestou:
—Não quero ir para casa. Vamos aproveitar a noite.
—Joe, esta parte da cidade é perigosa...
—Meu nome é Joseph.
Era estranho saber que ele tinha um nome de verdade. Sorrindo, Demi comentou:
—É bonito. Gosto desse nome.
—E o seu é Demetria Devonne Lovato.
—Isso mesmo — confirmou, feliz por descobrir que ele sabia seu nome completo. 
—Você vive cuidando de mim, Demetria Devonne Lovato. Por que não nos casamos de uma vez? — Olhando em volta, apontou para uma pequena capela e disse: 
— Veja, está aberta! Venha comigo. 
— Joe, não podemos... 
—É claro que podemos. Aqui ninguém precisa de papéis para fazer um casamento. E é legal, sabia? - Em pânico, Demi pensou no que aconteceria quando a bebedeira passasse e ele descobrisse que estavam casados. Não sabia se um casamento no México era válido no Texas, mas não podia permitir tamanha loucura. 
— Escute aqui — começou. —Se não se casar comigo, vou entrar naquele bar atirando e nós dois iremos parar na cadeia. O que acha?
Não havia como obrigá-lo a desistir. Além do mais, qualquer um podia notar que estava bêbado, e nem mesmo um padre mexicano aceitaria realizar um casamento em condições tão absurdas. 
Pensando em como o levaria para casa, decidiu acompanhá-lo até a capela. Joe possuía uma arma e licença para usá-la, e ela não sabia se estava armado naquele momento. Melhor não arriscar. O mexicano que os recebeu na capela não conhecia seu idioma, e Demetria não pôde explicar o que estava acontecendo. Por outro lado, Joe falava espanhol com perfeição e conseguiu convencer o homenzinho que, sorrindo, desapareceu por uma porta. Segundos depois ele voltou, trazendo uma bíblia e duas mulheres. Fez um discurso rápido, insistiu para que os noivos dissessem sim e depois Demi foi abraçada pelas duas desconhecidas. Joe rabiscou sua assinatura num papel e esperou que o padre lhe entregasse um documento. 
— Aqui está — disse com voz pastosa. 
— Tudo legal e perfeito. Venha me dar um beijo, esposa! — Estendeu os braços e caiu de costas no chão empoeirado da capela. Os minutos seguintes foram tumultuados. Demi finalmente conseguiu explicar que precisava levá-lo para o carro e o mexicano foi buscar dois rapazes fortes e jovens, que levantaram Joe como se fosse um saco de batatas e o carregaram para o caminhão. Demi deu dois dólares aos rapazes, tudo o que tinha no bolso, e fez o possível para demonstrar o quanto estava grata, mas eles devolveram o dinheiro, sorriram e apontaram para o caminhão em péssimo estado, indicando que haviam percebido sua deplorável condição financeira. Aliviada, Demetria agradeceu mais uma vez, guardou o documento no bolso das calças e ligou o motor. Felizmente o jipe de seu pai ainda não estava na fazenda quando chegou, e Demi pôde estacionar o caminhão perto do alojamento. 
—Preciso de um favor — disse em voz baixa quando Bud, um dos temporários, abriu a porta. — Joseph está no caminhão. Pode trazê-lo para cá antes que meu pai chegue e o veja? 
—Você trouxe o chefe no caminhão? Por que? O que ele tem? 
— Tequila. 
—Meu Deus! Não sabia que era alcoólatra. 
—E não é. Pode pegá-lo, por favor? 
—É claro que sim, srta. Lovato — e seguiu-a, deixando a porta do alojamento aberta. 
— Se meu pai encontrar Joseph nesse estado, ele pode dizer adeus ao emprego. 
—Seu pai não gosta de bebidas, não é?
— Detesta.
 Ela abriu a porta do caminhão e Bud pegou Joseph, jogando-o sobre os ombros sem a menor delicadeza. 
— Muito obrigada, Bud.
 —Por nada, srta. Lovato. Boa noite. 
Ela entrou no caminhão, ligou o motor e foi estacionar atrás da casa, onde costumavam deixá-lo. Depois entrou e subiu a escada aos pulos, temendo ser encontrada pelo pai. Despiu-se e, ao tirar as calças, viu o pedaço de papel que caiu de um dos bolsos. Desdobrou-o e viu seu nome ao lado do de Joseph Adam Jonas no documento escrito em espanhol. A certidão de casamento. Felizmente não tinha o menor valor legal. Mesmo assim, decidiu guardá-la, pois pelo menos poderia olhar para aquele papel e sonhar com o que teria acontecido se tudo fosse verdadeiro, se Joseph realmente a amasse e se tornasse seu marido. Guardou a certidão numa gaveta da penteadeira e foi para a cama suspirando. Tentou imaginar quanto ele seria capaz de lembrar no dia seguinte e esperou que não ficasse muito furioso por terem abandonado o velho Ford em Juárez, pois poderia ir buscá-lo quando estivesse sóbrio. De qualquer forma, devia estar grato por ela ter ido salvá-lo, porque não encontraria outro emprego com o inverno tão próximo. Não queria perdê-lo, e preferia ter de cuidar dele como se fosse um bebê a nunca mais vê-lo. Na manhã seguinte, Demetria acordou com alguém batendo na porta.
—O que é isso? — perguntou assustada.
—Você sabe muito bem o que é isso!
Era Joseph que, furioso, havia entrado sem pedir licença. Demi sentou-se na cama e puxou as cobertas para esconder o corpo, exposto pela camisola transparente. 
—Joseph! Que diabos pensa que está fazendo? 
— Onde está? — ele perguntou com um brilho intenso nos olhos. 
— Desculpe, mas ainda não sei ler pensamentos. 
— Não brinque! Eu me lembro de tudo, Demetria Lovato! Obrigado por cuidar de mim com tanta atenção, mas não vou permanecer casado agora que estou sóbrio! Onde está a certidão?
Era uma oportunidade de ouro para salvar seu orgulho e a amizade que tanto preservava sem ter de explicar por que o deixara arrastá-la para uma igreja mexicana no meio da noite. Tinha certeza de que o casamento não tinha validade no Texas, e por isso podia fazê-lo acreditar que a cerimônia não 
—Que certidão? — perguntou com ar inocente.
Ele hesitou por alguns instantes e disse:
—Eu estava no México, num bar em Juárez. Você foi atrás de mim... e nós nos casamos. 
—Nós fizemos o quê? 
— Eu tenho certeza! Entramos numa pequena capela e a cerimônia foi em espanhol... e havia um papel. 
—O único papel que vi foi aquela nota de vinte dólares que você jogou sobre o balcão do bar. E se Bud não tivesse me ajudado a tirá-lo do caminhão, você estaria desempregado. Sabe o que papai pensa sobre bebedeiras, e já estou farta de evitar as encrencas que você vive procurando! 
—Eu não posso ter imaginado tudo isso. 
—Imaginou uma porção de coisas na noite passada — ela riu. — Primeiro disse que estava atrás de um fugitivo da cadeia do Texas. Depois transformou- se num caçador de serpentes e queria ir procurá-las no deserto. Felizmente eu consegui trazê-lo para casa antes que arrumasse uma boa encrenca. 
—Eu... sinto muito. 
— Tudo bem. Pelo menos não houve nenhuma conseqüência séria. Até agora... Se meu pai encontrar você aqui, garanto que vai armar uma bela confusão. 
—Não seja boba! Você parece um moleque! Exatamente o que havia dito na noite anterior. - Com esforço, Demi disfarçou a dor que sentia e sorriu: 
—Mesmo assim. Você e papai não terão café da manha se não sair daqui agora mesmo. A propósito... seu carro está em Juárez. 
— E essa! Vou ver se consigo encontrar alguém com tempo para ir buscá-lo. Desculpe se criei problemas para você, Demi. Ainda tenho direito ao café?
Aliviada por não precisar mentir novamente, ela sorriu e disse:
—É claro que sim.
—Ótimo. Demi... precisa parar com essa mania de me pajear.
—Foi a última vez — ela prometeu com sinceridade.
—Espero que sim — e dirigiu-se à porta, de onde virou-se para dizer — Obrigado mais uma vez. - Ao ver que ele saía e fechava a porta atrás de si. Demi deixou-se cair sobre o travesseiro e respirou fundo. Agora só precisava saber se o casamento não tinha realmente valor legal.

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Gente, eu queria postar até o capítulo três mas não vai dar, acabei tendo um imprevisto e vou ter que postar só amanhã pra vocês.

Stay Strong!
XOXO
Bia.

2 comentários:

  1. Você sempre me surpreendendo!
    Li esse capítulo ontem, mas tive que ir embora sem comentar.
    Muito perfeito...

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    Respostas
    1. Hahaha imagina... o que é isso!
      Não tem problema flor, mas obrigada por ter comentando mesmo tendo ontem haha

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