Sempre passavam pela fronteira sem problemas, mas naquele
dia o guarda os fez parar. O oficial, um homem jovem e insinuante, dirigiu-se a
Ashley e perguntou o que iam fazer em Juárez. Aproveitando
para demonstrar seus encantos, a loura jogou os cabelos para trás e sorriu,
explicando que pretendiam fazer compras. Relutante, ele os liberou e Joseph,
visivelmente irritado, pôs o carro em movimento. Ashley
nunca perdia uma oportunidade de mostrar o quanto era atraente e, observando o
casal no banco da frente, Demi teve certeza de que o capataz da fazenda sabia
com que tipo de mulher estava envolvido. Minutos depois chegaram em Juárez e,
graças à experiência de Joseph, conseguiram localizar-se sem nenhuma dificuldade.
A cidade estava cheia e movimentada, e as ruas estreitas
lembravam um labirinto. Era um lugar tipicamente mexicano. Visitaram os
mercados diversificados e Ashley obrigou Joseph a comprar um colar de turquesa,
uma jóia cara e exótica que Demi achou exagerada. Teria se contentado com muito
menos, mas seus gostos eram mais simples que os de Ashley.... só queria Joseph.
No final da rua havia uma igreja e uma pequena butique. Ashley encantou-se com
a vitrina luxuosa e animou-se ao ver que eles aceitavam seu cartão de
crédito.
—Não posso perder esta oportunidade — disse, erguendo-se na
ponta dos pés para beijar o rosto de Joseph —Quer vir comigo, Demetria?
—Não, obrigada. Prefiro passear mais um pouco.
— Isso é bom — disse Eddie — Pelo menos alguém vai me fazer
companhia. Joseph parece estar em outro mundo!
E estava. Quando Demi seguiu a direção de seus olhos, teve a
impressão de que ia desmaiar. Joseph estava refazendo mentalmente o trajeto da
noite em que embriagara-se, olhando para o bar onde estivera e para a capela
onde a obrigara a dizer sim diante de um padre mexicano.
—Que igreja encantadora — disse Eddie, olhando para Demi com
um sorriso. — Para um homem que não está interessado em casamento, ele parece
fascinado demais, não acha?
Demi viu Joseph dar os primeiros passos na direção do templo
e estremeceu. Pensou em tentar distraí-lo e correu, ignorando a expressão
surpresa do pai, e havia acabado de alcançá-lo quando viu dois rapazes saindo
da igreja, os mesmos que a ajudaram a colocar Joseph no caminhão. Desesperada,
começou a rezar. Não diga nada, não o reconheça, não nos veja aqui, vá para o
outro lado... Mas eles o reconheceram e, simpáticos, cumprimentaram com
alegria:
— Felicitaciones. Como quiere usted vida conjugal, eh? Y
alla esta su esposa! Hóla, señora, como esta? - Eddie ouvia a conversa e não pôde
mais conter o espanto:
— O que?
Demi enterrou o rosto entre as mãos e gemeu:
—O que foi que eles disseram?
— Cumprimentaram Joseph pelo
casamento!
Os mexicanos disseram mais algumas palavras incompreensíveis e
segundos depois Joseph virou-se, furioso, e segurou-a pelos ombros, sacudindo-a
com violência e ignorando a presença do pai preocupado.
— Por que diabos eles estão me dando parabéns pelo
casamento? — explodiu com voz potente. — Você mentiu para mim, não é? Nós nos
casamos naquela noite!
—Eu... não sabia que era legal, Joseph! Juro que não
sabia!
—Vocês estão casados? — Eddie interferiu.
—Não por muito tempo — Joseph respondeu, soltando-a com
violência inesperada. — Meu Deus, essa é a maneira mais baixa, suja e horrível
de se conseguir um marido! Embriagar um homem, arrastá-lo até o padre e depois
manter tudo em segredo! Sabe que eu nunca me casaria com uma mulher como você,
se estivesse sóbrio! Você é horrível, e veste-se como um homem! Não me
surpreenderia se soubesse que toma a iniciativa quando está na cama com
Henderson!
"Do you have to, make me feel like there is nothing left of me?"
"Você tem que me fazer sentir como se não tivesse restado nada de mim?"
—Joseph, por favor — implorou, notando que a voz dele atraía
a atenção das pessoas.
Joseph não parecia importar-se com o escândalo.
— Vou buscar Ashley e vamos embora imediatamente! Quanto
mais cedo pusermos um fim nessa farsa com a anulação, melhor!
"Go run, run, run"
"Vá corra, corra, corra"
—Você o embriagou e casou-se com ele? — Eddie perguntou,
abalado com a revelação.
—Ele ficou bêbado sozinho, e ameaçou armar um escândalo. Se
eu soubesse que o casamento tinha validade fora do México, teria tentado
evitar. Sabe como a justiça deste país é lenta, papai. Nós poderíamos passar
meses dentro de uma cadeia até que alguém nos encontrasse. E se ele realmente
fizesse um escândalo, seríamos presos com toda a certeza.
—Eu sei disso! E que história é essa de ir para a cama com
Henderson?
—Só deixei Joseph acreditar que Logan era meu amante para...
oh, papai, é tudo tão complicado! Sei que devia ter dito a verdade antes, mas
estava apavorada! Pensei em conseguir a anulação e resolver o problema sozinha,
mas o advogado disse que precisava da assinatura dele. Desculpe, papai! Meu
Deus, justo no seu aniversário!
Eddie abraçou a filha e deixou que ela chorasse em silêncio
até que Joseph voltasse, arrastando Ashley pela mão.
—O que houve com Demi? — perguntou a loura.
—Nem queira saber — Eddie respondeu. — Podemos ir?
—Sim... — e olhou para a jovem. — Está doente?
—Se está, é bem feito! — Joseph opinou. — Vamos embora de
uma vez.
Ashley não teve coragem de fazer mais perguntas. Demi
chorava em silêncio e Eddie mantinha um braço sobre seus ombros, tentando
confortá-la. Percorreram o trajeto de Juárez a El Paso em silêncio, e Joseph
deixou a namorada em casa sem sequer dar-lhe um beijo de despedida.
Na fazenda, Joseph foi direto para o estábulo e Demetria
sentiu pena dos peões. Sabia o que ele pretendia. Ia trabalhar como um louco,
até extravasar toda a raiva e a agressividade que ameaçavam dominá-lo, e só
depois voltaria a procurá-la.
—Não quer me contar essa história com calma? — pediu Eddie,
enquanto a filha fazia café. Ela concordou. Falou sobre a bebedeira anual de
Joseph e das razões que tinha para embriagar-se, falou sobre como conseguira
fazê-lo recuperar a sobriedade e como o seguira até Juárez, onde havia sido obrigada
a casar-se. Em seguida concluiu:
—O pior é que eu acho que tem dinheiro, apesar do trabalho
que faz aqui, e ele pode pensar que eu o manobrei para casar-se comigo por
motivos mercenários.
—Joseph conhece você melhor do que imagina.
— Ele sabe que a fazenda não está rendendo o que devia e
pensa que meu futuro é incerto. Não é verdade, mas é o que parece. E eu tenho
certeza de que já percebeu a atração que sinto por ele.
—Atração, ou uma paixão devastadora?
Ela balançou a cabeça:
—Não, felizmente isso ele ainda não percebeu. De qualquer
maneira, não é o fim do mundo. Podemos conseguir a anulação rapidamente, e eu
posso até arrumar um emprego e pagar os custos do processo. Talvez um dia ele
me perdoe, mas agora acho que quer me estrangular e está coberto de razão. Só
espero que Ashley não saiba dessa história. Não quero que fique magoada por
minha causa.
— E você? — Eddie perguntou, perdendo a calma que conseguira
manter até então. — Está magoada, e a culpa é dele! Se não houvesse bebido como
um maluco...
—Papai, ele amava a esposa, e ainda sofre por ela. Lembra-se
do que sentiu quando mamãe morreu?
Ele suspirou:
— É verdade. Sua mãe era minha vida, e nós nos amamos muito
por vinte e dois anos. Nunca consegui encontrar alguém que me fizesse sentir as
mesmas coisas e, por isso, jamais me casei novamente. Talvez Joseph sinta o
mesmo.
— Talvez.
—Tente não pensar demais. Tudo isso vai passar, e Joseph vai
acabar encontrando uma solução razoável para vocês dois. A época é muito
difícil, e tenho de tentar mantê-lo atento ao trabalho, apesar da sua tristeza.
— Já pensou em vender um pedaço da propriedade? — ela
sugeriu.
—Já, e também já pensei em procurar um sócio. Se importaria
com isso?
— É claro que não. Também não quero perder a fazenda, e você
sabe o que melhor para nós. - Eddie olhou
em volta, observando a cozinha rústica que tanto amava, e suspirou:
—Então acho que vou começar
com uma divulgação discreta. Afinal, você está mesmo precisando de roupas
novas.
—Esqueça o meu guarda-roupa.
Não me importo mais com o que eu uso — e virou-se para terminar o café.
—Henderson ainda está
esperando por uma resposta — disse, tentando confortá- la da melhor maneira
possível. Como pai, não podia mais suportar o sofrimento evidente da filha
única.
— Tem razão. Ainda tenho
Logan, e ele vai me levar ao jantar da associação dos criadores de gado na
próxima quarta-feira. É um bom homem, não acha?
—Acho, mas você não o ama.
Não aceite migalhas, querida, porque você merece a refeição completa. E a
melhor que houver.
Ela riu:
—Você tem um jeito todo
especial com as palavras, papai.
—E você com a comida. Vai
fazer esse jantar especial, ou vai deixar seu velho pai morrer de fome no dia
do aniversário?
Aliviada com o desabafo, Demi
dedicou-se às panelas. Podia ver o alojamento pela janela da cozinha e, de
repente, viu Joseph sair. Usava um terno escuro e discreto e ela lavou o mesmo
prato quatro vezes, esperando que ele surgisse na porta da cozinha. Por alguma
razão, aquele terno a incomodou. Estaria pensando em demitir-se e partir? Seu
ódio seria grande a ponto de fazê-lo abandonar seu pai num momento como aquele?
Ele entrou sem bater e Demetria estremeceu ao sentir o vento frio que o
acompanhava.
—Está esfriando lá fora —
disse Eddie, tentando aliviar a tensão repentina.
— Mais do que pode imaginar —
disse Joseph. Tinha um cigarro aceso entre os dedos e mantinha os olhos
cravados em Demi. — Vou passar alguns dias fora, mas devo voltar na próxima
semana. Tenho alguns assuntos pessoais a tratar, inclusive... uma anulação. Quero
a certidão de casamento, Demetria.
Ela enxugou as mãos no
avental e disse em voz baixa, sem encará-lo:
— Vou buscá-la.
Quando retirou o documento da
gaveta da penteadeira, suas mãos tremiam de forma convulsiva. Joseph Adam
Jonas, dizia a certidão.
-Joseph. - Repetiu o nome em
voz baixa e sentiu-se triste por despedir-se dos sonhos contidos naquele
pequeno pedaço de papel. Se pelo menos ele a amasse... Depois de uma última
olhada para a certidão, respirou fundo e desceu. Joseph a esperava perto da escada,
sozinho. Ela sabia que os olhos escuros estavam cravados em seu rosto, mas não
teve coragem de encará-lo. Estendeu o papel com mão trêmula e encolheu-se ao
sentir que ele o apanhava, temendo um contato.
— Sinto muito — ela murmurou. — Foi só um...
— Só um plano diabólico que não deu certo. Você não tem
inteligência para ser uma caçadora de dotes.
Demetria não respondeu, pois estava ocupada lutando com as
lágrimas quentes que queimavam seus olhos. Passou por ele de cabeça baixa e
dirigiu-se à cozinha, onde tentou concentrar-se nos pratos e panelas. Joseph
apertou o papel entre os dedos, sentindo um ódio imenso dela e de si mesmo.
Sabia que estava sendo grosseiro e cruel, mas ela o empurrara para o casamento
quando estava bêbado demais para saber o que fazia. Julgava-a uma pessoa boa e
honesta, mas agora via que estava enganado. Não tinha o direito de colocá-lo
numa situação tão delicada. Saía com Ashley, desfilava com ela em público... e
era um homem casado! E se houvesse decidido pedi-la em casamento? Teria
cometido adultério e bigamia, e seria condenado sem sequer saber que era um
criminoso! Eddie entrou na sala e disse em voz baixa:
—Ela vai pagar o custo do processo de anulação. Não torne as
coisas piores do que já estão, Joseph. Demetria não fez nada de propósito.
—Mas
ela devia ter me contado.
— Devia, mas não teve coragem. Além do mais, ela não sabia
que o casamento era legal fora do México. Demi já telefonou para um advogado e
informou-se sobre o processo de anulação, mas descobriu que precisava de sua
assinatura para entrar com o pedido.
Joseph olhou para o documento que tinha nas mãos e a raiva
estampou-se novamente em seu rosto. Casamento! Uma esposa! Nunca esquecera
Taylor e sua determinação em descer aquele rio a seu lado. Ela sempre fora forte
e decidida, e nunca aceitara um não como resposta. Devia ter impedido que o
acompanhasse, especialmente porque andava enjoada e fraca, mas não sabia que
ela estava grávida. Fora horrível ter de identificar seu corpo, mas fora ainda
pior saber que ela carregava seu primeiro filho no ventre. Após o acidente,
ficara tão deprimido que deixara o controle dos negócios nas mãos dos irmãos e
partira em busca de um pouco de paz. Encontrara sua paz naquela fazenda, e
gostara de ajudar Eddie a refazer seus negócios. Gostara da companhia divertida
e agradável de Demi, e agora ela o apunhalara pelas costas. Tinha de afastar-se
dela e das lembranças que havia provocado.
—Para onde vai? — Eddie perguntou. — Ou estou perguntando
demais?
— O que quer dizer?
—Demi acha que você tem dinheiro. Você delirou naquela
ocasião em que teve febre, e ela ouviu toda a história sobre o seu passado. Ela
acha que veio para cá para punir-se pela morte de sua esposa. Seja qual
for a razão, quero que saiba que será sempre bem vindo em minha casa. Volte
quando quiser. E muito obrigado por tudo o que fez por mim.
Confuso, Joseph percebeu que Eddie pensava que não pretendia
voltar. Olhou para a cozinha, mas não conseguiu ver Demi de onde estava e foi
invadido por um pânico súbito, dominado pela idéia de nunca mais vê-la
novamente. Que diabos estava acontecendo com ele? Dobrou a certidão de
casamento e disse:
— Ainda não sei o que vou fazer. Talvez vá visitar minha
família, e também preciso conversar com um advogado sobre isso — e mostrou o
papel que, de repente, assumira o valor de um tesouro.
— Se decidir não voltar, eu entenderei. Você nos tirou do
buraco, mas nós dois sabemos que não há muita esperança para esta fazenda. O
preço do gado está despencando e vou ter de conseguir um empréstimo para
comprar novos equipamentos. Além do mais, estou ficando velho demais para
administrar esta propriedade.
—Você só tem cinqüenta e cinco anos!
— Quero ver se vai dizer o mesmo quando chegar à minha idade
— e estendeu a mão para despedir-se. — Obrigado por tudo, Joseph. Sei que tem
sua vida para viver, e talvez tenha chegado a hora de enfrentar seus fantasmas.
Eu mesmo tive de enfrentar os meus quando compreendi que havia provocado a
morte da mulher que eu amava. Eu sobrevivi, e você também vai conseguir.
—Taylor estava grávida — Joseph disse em voz baixa.
— Deve ter sido horrível, mas você é jovem e pode ter outros
filhos.
—Não quero ter filhos. E também não quero uma esposa,
especialmente uma que não escolhi!
Na cozinha, Demi ouviu o que ele disse e não foi capaz de
conter as lágrimas. Imaginando o sofrimento da filha, Eddie levou Joseph, até a
porta da frente e sugeriu:
— Tire uns dias de folga. Você enfrentou um trabalho duro
com o inventário e a procriação, e não tirou férias nos últimos três
anos.
—Acho que estou precisando de um descanso — Joseph. admitiu.
Olhou para a certidão que tinha nas mãos e ergueu a cabeça, esperando ver Demi
pela última vez antes de partir. Havia sido duro e cruel, dissera coisas
horríveis, e ela era pouco mais que uma criança. Até a experiência que dissera
ter podia ser invenção, produto de sua imaginação romântica e imatura. Teria
mentido sobre isso também? Jamais confiaria nela novamente. Se mentira uma vez,
seria capaz de fazer o mesmo duas, três,
mil vezes.
Sentindo a tensão crescente e
prevendo novas explosões, Eddie deu um tapinha em suas costas e disse:
—Vá de uma vez. Posso cuidar
de tudo enquanto estiver fora, ou até encontrar um novo capataz, se decidir não
voltar.
Pensando em algo que o fazendeiro havia dito antes, Joseph
comentou:
—Você disse que ela sabia que eu tinha dinheiro.
—Disse, e ela acha que você vai acusá-la de ter se casado
por causa disso. Está fazendo de tudo para pintar o diabo mais feio do que é,
não é, filho?
Joseph assustou-se. Estaria mesmo? Nervoso, avisou:
— Eu entrarei em contato. Desculpe
deixá-lo num momento tão delicado, mas... Droga, você não tem culpa de
nada!
—Demi também não tem. Quando quiser saber toda a história,
vá procurá-la e peça para contar sua versão. Mas primeiro vá descansar e
esfriar a cabeça.
— Feliz aniversário, Eddie — e tirou um pacote do
bolso.
— Gostaria que houvesse sido um dia mais alegre.
—Vou ter um
bolo de coco só para mim, e nada me faz mais feliz do que não ser obrigado a
dividi-lo.
Joseph riu e despediu-se:
—Até logo, Eddie. Nos vemos em breve.
— Espero que sim — Eddie murmurou quando o viu afastar-se.
Abriu o presente que acabara de receber e viu que era uma gravata de seda cara
e elegante. Voltou para a cozinha e descobriu que Demi estava mais calma,
apesar dos olhos vermelhos e inchados.
—Vamos comer? — ela perguntou.
— O jantar está pronto? Que maravilha! Pensei que fosse
morrer de fome!
— Papai... Não quero mais falar sobre aquele assunto, está
bem? Nunca mais.
Agora Demetria sabia que não amava Joseph.. Um homem cruel
como ele não merecia ser amado, e se estavam metidos em toda aquela confusão, a
culpa era unicamente dele. Ele a obrigara a casar-se, e agora falava como se
ela houvesse planejado tudo para fazê-lo cair numa armadilha. Acertariam as
contas quando Joseph voltasse à fazenda, mas de uma coisa tinha certeza. Ele
nunca mais teria de se preocupar com seus cuidados excessivos, pois jamais
voltariam a existir. Havia feito os pratos preferidos do pai para o jantar e,
depois de comerem, foi buscar o presente que comprara, um cachimbo novo, e
cortou o delicioso bolo de coco. Fingiu estar feliz e torceu para que ele não
percebesse a verdade, pois não queria estragar o resto do aniversário.
Mais tarde, antes de ir deitar-se, Eddie fitou a filha com
carinho e disse:
—Só quero que pense em uma coisa, Demi. Um homem que é pego
contra a vontade jamais cederá sem luta.
— Eu não peguei ninguém...!
—Você não entendeu. Estou falando sobre um homem que luta com
os próprios sentimentos. Joseph está apaixonado por você, mas não quer admitir,
e vai transformar sua vida num inferno enquanto não for capaz de aceitar a
verdade com um mínimo de calma e bom senso.
Demetria sabia que não devia sonhar
com o impossível, pois não suportaria mais uma desilusão.
— Não quero mais Joseph, papai — mentiu. — Eu devia ter
aceito o pedido de casamento de Logan. Pelo menos ele nunca gritou comigo, nem
me acusou de coisas que não fiz. É uma companhia agradável e divertida, e eu
gosto dele.
—Não se case com um homem para tentar esquecer outro. Só vai
conseguir magoar Logan e ferir-se ainda mais.
Ela suspirou:
—Eu sei, mas posso aprender a amá-lo. Vou fazer o possível
para que isso aconteça, e espero que Joseph nunca mais ponha os pés nesta
fazenda.
—Deus me livre! Quer que seu pai acabe falido?
Demetria não respondeu. De cabeça baixa, subiu a escada e
foi para o quarto, onde atirou-se na cama. Passou a noite acordada e imaginou
se algum dia seria capaz de dormir novamente sem ouvir o eco das palavras
horríveis de Joseph. Desesperada, levantou-se no meio da noite e foi limpar a
cozinha, tentando tirar Joe da cabeça, mas foi inútil. Quando Eddie terminou de
tomar o café da manhã ela já estava vestida, pronta para ir a igreja. Em
silêncio, dirigiram-se ao pequeno templo metodista para a missa dominical e,
quando voltaram para casa, Demi viu o carro de Logan estacionado diante da
varanda. Como se houvesse encontrado o caminho da salvação, ela pulou do
automóvel do pai e correu ao encontro do veterinário, enquanto Eddie assistia à
cena com o cenho franzido, vislumbrando os problemas no horizonte e tentando
imaginar onde acabaria a nova encrenca de Demetria Lovato... ou Jonas.
QUEEEEEEEEERO MAIS. :3
ResponderExcluirPerfeito, perfeito, perfeito! Muito perfeito!
ResponderExcluirVocê escreve bem demais, anjinho!
Com amor,
Letícia.
oown *-*
ExcluirBrigadão Letícia.