Embora Demi nunca
tivesse ido a um baile de regresso às aulas, já tinha ido a bailes da igreja.
Não dançava mal - eu também já estivera em alguns desses bailes e tinha-a visto
mas, para
ser franco, era bastante difícil adivinhar como é que se sairia com alguém como
eu. Nos bailes da igreja dançava sempre com pessoas mais velhas, porque ninguém
da sua idade a convidava. E dançava muito bem aqueles estilos que tinham sido
populares há cerca de trinta anos. Sinceramente, não sabia o que esperar dela.
Confesso que também estava um pouco
preocupado com o que ela iria vestir, embora não fosse assunto do qual lhe
fosse falar. Quando Demi ia aos bailes da igreja vestia normalmente uma camisola
velha e uma das saias de xadrez que víamos na escola todos os dias, mas o baile
do regresso às aulas devia ser especial. A maioria das garotas compravam
vestidos novos e os rapazes vestiam fatos e, naquele ano, íamos contratar um
fotógrafo. Sabia que Demi não ia comprar um vestido novo, porque não era propriamente
rica. A profissão de sacerdote não dava muito dinheiro. Mas claro que os
pastores não escolhiam essa ocupação por razões financeiras, escolhiam-na por
vocação. Mas também não queria que ela vestisse a mesma coisa que levava para a
escola todos os dias. Não tanto por mim - não sou assim tão insensível - mas
por causa do que os outros pudessem dizer. Não queria que as pessoas
tirassem sarro
dela ou algo do gênero.
As boas notícias, se é que havia boas
notícias, foram que o Eric não me arreliou muito a propósito da minha escolha
porque estava demasiado ocupado a pensar na sua própria parceira. Ele ia com
Margaret Hays, a chefe da claque principal da nossa escola. Não era a mais
esperta das meninas, mas era gira à sua maneira. Por gira refiro-me, claro, às
pernas. Eric ofereceu-se para irmos trocando de par ao longo da noite, mas
recusei porque não queria correr qualquer risco de ele troçar de Jamie. Era bom
rapaz, mas podia ser um pouco cruel às vezes, especialmente depois de alguns
copos de bourbon.
No dia do baile, estive bastante
atarefado. Passei a maior parte da tarde ajudando a decorar o ginásio e tinha
de estar em casa de Demi cerca de meia hora mais cedo, porque o pai dela queria
falar comigo, embora eu não soubesse porquê. Demi surpreendera-me com esta exigência
apenas na véspera, e não posso dizer que tenha ficado entusiasmado com a
perspectiva. Imaginei que me fosse falar da tentação e do caminho pernicioso do
pecado a que ela nos podia conduzir. Mas se viesse com a história da
fornicação, eu sabia que ia cair morto ali mesmo. Rezei pequenas orações o dia
inteiro na esperança de evitar aquela conversa, mas não tinha a certeza de que
Deus fosse dar prioridade às minhas preces, por causa do modo como me havia
comportado no passado. Ficava bastante nervoso só de pensar no assunto.
Depois de tomar um ducha, vesti o meu melhor fato, passei a
correr pela florista para comprar flores para a Demi e
dirigi-me à casa dela. A minha mãe emprestou-me o carro e estacionei-o mesmo em
frente à casa de Demi. A hora ainda não tinha mudado, por isso havia ainda luz na
rua quando cheguei e percorri o caminho esburacado em direção à porta. Bati e
esperei um momento, depois bati novamente. Por trás da porta, ouvi Eddie dizer
"Já vou", mas não vinha propriamente a correr. Devo ter esperado ali
mais ou menos dois minutos, a olhar para a porta, os ornatos, as pequenas
fendas nos peitoris das janelas. A um canto, estavam as cadeiras onde eu
e Demi
estivéramos sentados apenas alguns dias antes.
Aquela em que me havia sentado ainda estava virada na
direção oposta. Supus que ninguém tinha estado ali durante os últimos dias.
Finalmente, a porta abriu-se, rangendo. A luz do candeeiro
de dentro obscurecia ligeiramente o rosto de Eddie e
parecia refletir-se através do seu cabelo. Era velho, como já disse, setenta e
dois anos pelos meus cálculos. Era a primeira vez que o via de tão perto, e
conseguia ver-lhe todas as rugas no rosto. A pele era realmente translúcida,
até mais do que eu tinha imaginado.
- Olá, Reverendo - disse eu, engolindo a minha ansiedade. -
Estou aqui para levar a Demi ao baile.
- Claro que está - disse ele. - Mas primeiro quero falar
consigo.
- Sim, Reverendo, foi por isso que vim cedo.
- Entre.
Na igreja, Eddie
vestia-se de maneira muito elegante, mas naquele momento parecia um agricultor,
com um fato-macaco e uma T-shirt. Fez-me sinal para me sentar na cadeira de
madeira que trouxera da cozinha.
- Desculpe ter demorado um pouco a abrir a porta. Estava a
trabalhar no sermão de amanhã - disse.
Sentei-me.
- Não tem importância, Reverendo. - Não
sei porquê, mas tínhamos mesmo de o tratar por "Reverendo". Era como
se ele projetasse essa imagem.
- Muito bem, então, me conte
sobre você.
Achei que era um pedido um tanto
ridículo, tendo ele estado envolvido há tanto tempo com a minha família. Foi
também ele que me batizou, e desde que eu era bebê que me via na igreja todos
os domingos.
- Bem, Reverendo - comecei, não sabendo
bem o que dizer - Sou presidente da associação de estudantes. Não sei se Demi lhe
falou nisso.
Acenou que sim com a cabeça.
- Falou. Continue.
- E... bem, espero ir para a
Universidade da Carolina do Norte no próximo Outono. Já recebi o formulário da
candidatura.
Acenou novamente com a cabeça.
- Mais alguma coisa?
Tenho de admitir que estava a ficar sem
nada para dizer depois daquilo. Uma parte de mim queria pegar no lápis ao canto
da mesa e começar a equilibrá-lo, demonstrando-lhe o que podia fazer durante
trinta segundos, mas ele não era o gênero de pessoa para apreciar tal coisa.
- Creio que não, Reverendo.
- Importa-se que lhe faça uma pergunta?
- Não, Reverendo.
Olhou-me durante um bom bocado, como se
estivesse a meditar sobre a pergunta.
- Por que é que pediu à minha
filha para ir ao baile com você? - perguntou
finalmente.
Fiquei surpreendido, e sabia que a
minha expressão o demonstrava.
- Não percebo o que quer dizer,
Reverendo.
- Não está a planear fazer nada
para... humilhá-la não é?
- Não, Reverendo - disse rapidamente,
chocado com a acusação. - De maneira nenhuma. Precisava de alguém para me
acompanhar, e pedi a Demi. É tão simples quanto isso.
- Não tem nada planejado, mesmo?
- Não, Reverendo. Não faria isso com
ela...
Isto continuou durante mais alguns
minutos - ele a interrogar-me cerradamente acerca das minhas verdadeiras
intenções, mas, por sorte, Demi surgiu de um dos quartos das traseiras e o pai e eu
viramo-nos para ela ao mesmo tempo. Eddie finalmente parou de falar, e eu soltei
um suspiro de alívio. Demi vestia um lindo vestido longo e roxo, nunca tinha a
visto vestida assim.
Felizmente, tinha deixado a camisola no armário. Não estava mal, tinha de
admitir. Como sempre, tinha o cabelo apanhado. Por mim, achava que teria ficado
melhor com ele solto, mas essa era a última coisa que queria dizer. Demi
parecia... Bem, Demi parecia exatamente ela própria, mas pelo menos não fazia
tensão de trazer a Bíblia consigo. Isso seria de mais para se aguentar.
- Não vai ser muito difícil não
é Joseph?
- perguntou alegremente ao pai.
- Estávamos apenas
conversando
- disse eu rapidamente antes de ele ter oportunidade de responder. Por alguma
razão, não achava que ele tivesse falado com Demi sobre o tipo de pessoa que ele pensava
que eu era, e não considerava que aquela fosse boa altura para o fazer.
- Bem, é melhor irmos. -
sugeriu ela depois de um momento. Acho que pressentiu a tensão no ar.
Dirigiu-se ao pai e deu-lhe um beijo na face.
- Não fique até muito
tarde trabalhando
naquele sermão, está bem?
- Está bem - disse ele baixinho. Mesmo
comigo ali na sala, pude perceber que ele a amava verdadeiramente e que não
tinha medo de o mostrar. O problema era o que pensava a meu respeito.
Nos despedimos e a caminho
do carro entreguei a Demi
as flores, dizendo-lhe que lhe mostraria como colocá-las ao peito quando estivéssemos
dentro do carro. Abri
a porta para ela e me dirigi para o outro lado, entrando também. Nesse pequeno período
de tempo, Demi
já tinha colocado as flores ao peito.
- Não sou propriamente uma imbecil,
sabes. Sei como se prendem as flores ao peito.
Liguei o carro e segui
em direção à escola. A conversa que acabei de ter com Eddie me deixou
até tonto.
- O meu pai não gosta muito de
você - disse
ela, como se adivinhasse o que eu estava a pensar.
Acenei com a cabeça sem dizer nada.
- Acha que você é
irresponsável.
Acenei de novo.
- Também não gosta muito do teu pai.
Acenei com a cabeça mais uma vez.
- Ou da tua família.
- Já percebi.
- Mas sabe o que eu
acho? - perguntou de repente.
- Não. - Por esta altura já estava
bastante abatido.
- Acho que tudo isto estava de alguma
maneira nos desígnios de Deus. O que é que acha que é a mensagem?
Pronto, lá vamos nós, pensei para
comigo.
Duvido que a noite pudesse ter sido
muito pior, se querem saber a verdade. A maior parte dos meus amigos manteve-se
à distância. Depois, Demi não tinha muitos amigos, por isso passamos a maior parte do
tempo sozinhos. Pior ainda, descobri que, afinal, a minha presença já não era
necessária. Tinham alterado as regras devido ao fato de Carey não ter conseguido
arranjar par, e isso me fez sentir bem incomodado. Mas, lá por causa do que o
pai dela me disse, não ia levá-la para casa mais cedo, não é verdade? E mais,
ela estava mesmo se divertindo; até eu podia perceber isso. Adorou as
decorações que eu ajudara a montar, adorou a música, adorou tudo no baile. Me
dizia o t4empo todo que achava tudo uma maravilha e perguntou-me se poderia
ajudá-la a decorar a igreja um dia, para um dos bailes que fosse organizar.
Murmurei meio contrafeito que podia me telefonar e, apesar de o ter dito sem nenhum
indício de energia, Demi agradeceu-me por ser tão atencioso. Para ser franco,
me senti deprimido durante pelo menos a primeira hora, embora ela parecesse não
notar.
Demi tinha de estar em casa às onze da
noite, uma hora antes de o baile terminar, o que tornava as coisas um pouco
mais fáceis de suportar. Logo que a música começou, fomos dançar e descobri que
ela dançava bem melhor até que algumas das outras meninas e isso ajudou um
pouco a passar o tempo. Deixou-se conduzir bastante bem durante cerca de uma
dúzia de canções e, depois disso, nos dirigimos às mesas e tivemos o que se
assemelhou a uma conversa normal. Claro, soltou palavras como "fé" e
"júbilo" e até "salvação" no meio da conversa e falou sobre
ajudar os órfãos e salvar animaizinhos da estrada, mas parecia realmente tão alegre
que era difícil me sentir pra baixo durante muito tempo.
Daí que as coisas não tivessem corrido
assim tão mal ao princípio, e, realmente, não foi pior do que aquilo que eu já esperava.
Só quando Lew e Ashley apareceram é que tudo começou mesmo a azedar.
Entraram poucos minutos depois de nós
termos chegado. Ele vestia aquela T-shirt estúpida, os Malboro’s na manga e um
topete de gel no cabelo à frente. Ashley colou-se toda a ele logo desde o
principio do baile, e não era preciso ser gênio para perceber que tinha bebido
uns copos antes de ali chegar. O seu vestido era verdadeiramente vistoso - a
mãe dela trabalhava num salão de cabeleireira e estava a par das últimas modas
e reparei que tinha adquirido aquele hábito “elegante” de mascar pastilhas
elásticas. Mastigava mesmo aquela pastilha, mascando-a quase como uma vaca
masca o pasto.
Enfim... o bom do Lew acrescentou álcool à tigela do ponche
e algumas pessoas começaram a ficar tontas. Quando os professores descobriram,
grande parte do ponche já tinha desaparecido e muitos dos presentes começavam a
ficar com aquela expressão perdida nos olhos. Quando vi Ashley bebendo o
segundo copo, senti que devia ficar atento a ela. Apesar de ter me trocado por
outro, eu não queria que nada de mal lhe acontecesse. Foi a primeira menina que
beijei com a língua e, apesar de os nossos dentes terem chocado com tanta força
na primeira vez, de tal modo que até vi estrelas e tive de tomar uma aspirina
quando cheguei a casa, ainda sentia alguma coisa por ela.
Ali estava eu, sentado ao lado de Demi, mal ouvindo as suas
descrições das maravilhas do campo de férias da igreja, observando Ashley pelo
canto do olho, quando Lew viu que eu olhava para ela. Num gesto nervoso,
agarrou Ashley à volta da cintura e arrastou-a até à nossa mesa, lançando-me um
daqueles olhares desafiadores e perigosos.
- Estavas olhando para a minha namorada? - perguntou,
retesando-se.
-Não.
- Estava sim! - disse Ashley, arrastando as palavras. Ele
estava a olhar fixamente para mim. - Este é o meu antigo namorado, aquele de
que te falei.
Os olhos dele semicerraram-se, como acontecia com os de Eddie.
Parece que provoco esse efeito em muitas pessoas.
- Então é você? - perguntou ele, sorrindo com desdém.
Pois é, eu não sou muito em lutas. A única luta em que me
envolvi foi no terceiro ano, e parece que perdi logo, pois comecei a chorar
mesmo antes de o outro rapaz me bater. Normalmente, não tinha grande
dificuldade em manter-me afastado desse gênero de situações devido à minha
natureza passiva e, para além disso, ninguém se metia comigo quando Eric estava
por perto. Mas agora Eric estava em algum lugar lá fora com Margaret,
provavelmente por trás das bancadas, em lado nenhum que se pudesse ver.
- Não estava a olhando - respondi finalmente - e não sei o
que é que ela te disse, mas duvido que tenha sido verdade.
Lew semicerrou de novo os olhos.
- Está chamando a Ashley de metirosa? - perguntou
desdenhosamente.
Acho que ele teria me dado um soco ali
mesmo, mas Demi, de súbito, meteu-se na conversa.
- Não te conheço de algum lugar? -
perguntou alegremente, olhando-o no rosto. às vezes, Demi parecia não se
aperceber de situações que estavam acontecendo mesmo à sua frente. - Espera,
sim, conheço! Trabalha na oficina do centro. O teu pai chama-se George e a tua
avó vive na Foster Road à saída da cidade, perto da passagem de nível.
Uma expressão confusa instalou-se no
rosto de Lew, como se estivesse a tentando compor um puzzle com muitas peças.
- Como é que sabe tudo isso? O que é
que ele fez, também esteve falando de mim?
- Não - respondeu Demi - que disparate!
- Riu sozinha. Só Demi conseguia encontrar motivo para rir numa altura
daquelas. - Vi uma fotografia tua na casa da tua avó. Eu passando por lá, e ela
precisava de ajuda para levar as compras para dentro de casa. A foto estava em
cima da lareira.
Lew olhava para Demi como se ela
tivesse falando outra língua.
Entretanto, Demi abanava-se com a mão.
- Bem, vamos sentar aqui para descansar um pouco depois de
toda aquela dança. Faz mesmo calor ali. Querem juntar-se a nós? Temos duas
cadeiras a mais. Adoraria saber como tem passado a tua avó!
Por fim, foi embora sem responder, covardemente,
levando Ashley com ele. De qualquer maneira, Ashley já se devia ter esquecido
de como tudo aquilo havia começado, devido ao que já tinha bebido. Demi e eu
vimos eles irem embora, e quando ele estava a uma distância segura, eu respirei
de alívio. Nem sequer me dei conta de que estava prendendo a respiração-
Obrigado - murmurei timidamente, apercebendo-me de que fora Demi, quem havia de
dizer, que me tinha salvo de graves danos físicos.
Demi olhou de modo estranho para mim.
- Porquê? - perguntou, e como eu não lhe explicasse tudo com
exatidão, voltou logo para a sua história do campo de férias, como se nada
tivesse acontecido. Mas, desta vez, dei por mim realmente a escutá-la, pelo
menos com um dos ouvidos. Era o mínimo que eu podia fazer.
Acontece que aquela não foi a última
vez que vimos Lew e Ashley nessa noite. Os dois copos de ponche tinham mesmo
dado volta à menina, que acabou por vomitar na casa de banho das senhoras. Lew,
sendo o cavalheiro do jeito que era, foi embora quando a ouviu vomitar, saindo
furtivamente por onde tinha entrado. Foi a última vez que o vi. Demi, quis
assim o destino, foi quem encontrou Ashley na casa de banho, e era evidente que
Ashleya não estava muito bem. A única coisa a fazer era limpá-la e levá-la para
casa antes que os professores descobrissem. Flagrar uma bebedeira era um caso
muito grave naqueles tempos e, se fosse flagrada, corria o risco de ser
suspensa, talvez até expulsa.
Demi, Deus a abençoe, não queria que isso acontecesse. Eu
também não, ainda que pudesse ter pensado de outra maneira se me tivessem
perguntado, dado Ashley ser menor e estar violando a lei. Também tinha quebrado outra
das regras de conduta de Eddie. Eddie reprovava severamente a violação da lei'
e o consumo de álcool, e apesar de isso o não arrebatar tanto como a
fornicação, todos sabíamos que levava tais casos muito a sério. Calculávamos
que Demi pensasse da mesma maneira. E talvez pensasse, mas o seu instinto de
ajuda deve ter-se apoderado dela. Provavelmente, olhou para Ashley e pensou
"animalzinho ferido" ou coisa parecida, tomando de imediato conta da
situação. Então fui à procura de Eric e encontrei-o atrás das bancadas.
Concordou em ficar de guarda à porta do banheiro e eu e a Demi limpávamos. A
Ashley tinha feito um belo trabalho. O vomitado estava por tudo o que era sítio
menos na retrete. Nas paredes, no chão, nos lavatórios, até no teto, mas não me
perguntem como é que ela conseguiu esse feito. Portanto, ali estava eu, de
joelhos e mãos no chão, a limpar vomitado no baile de regresso às aulas no meu
melhor fato azul, exatamente o que quisera evitar desde o princípio. E Demi, o
meu par, também estava de joelhos e mãos no chão, fazendo exatamente o mesmo.
Quase que podia ouvir o riso esganiçado
de Carey algures, ao longe.
- Por favor, não conte nada disto ao
teu pai - pedi.
-Está bem - concordou ela. Continuava a
sorrir quando, finalmente, se voltou para mim. – Me diverti muito hoje à noite.
Obrigado por te me levado ao baile.
Ali estava ela, coberta de vomito, a
agradecer-me por aquela noite. Demi Lovato, às vezes, era mesmo capaz de dar
com um tipo em doido.
Acabamos saindo às escondidas pela
porta dos fundos do ginásio, mantendo Ashley equilibrada entre nós, segurando-a
para que se mantivesse de pé. Estava sempre perguntando por Lew, mas Demi dizia-lhe para
não se preocupar. Tinha uma maneira verdadeiramente tranquilizadora de falar
com Ashley, apesar de esta se encontrar tão fora de si que duvido que soubesse
sequer quem é que estava a falar. Levado para o banco de trás do meu carro,
onde desmaiou logo a seguir, mas não antes de ter vomitado mais uma vez no chão
do carro. O cheiro era tão horrível que tivemos de abrir as janelas para não
sufocarmos, e o caminho para a casa de Ashley parecia mais longo que o
habitual. A mãe dela veio à porta, olhou para a filha e levou-a para dentro de
casa sem dar sequer uma palavra de agradecimento. Penso que se sentia
envergonhada, e nós, de qualquer maneira, não tínhamos muito para lhe dizer. A
situação falava por si.
Quando a deixamos eram já dez e
quarenta e cinco e seguimos diretamente para a casa de Demi. Fiquei bastante
preocupado quando lá chegamos por causa da sua aparência e do cheiro, e rezei
em silêncio para que Eddie não estivesse acordado. Não queria ter de lhe
explicar o que se tinha passado. Bem, por certo daria ouvidos a Demi se fosse
ela a contar, mas tinha um pressentimento de que, de qualquer maneira, ele
arranjaria maneira de me culpar.
Acompanhei-a, então, até à porta e
ficamos no lado de fora sob a luz da varanda. Demi cruzou os braços e esboçou
um sorriso, dando a impressão de ter acabado de chegar de um calmo passeio
noturno em que esteve vendo a beleza do mundo.
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Hey! é... eu sei que falei que iria postar antes, mas estava muito cansada cheguei em casa e dormi rsrs mas agora estou postando pra vocês! E... AAAAAAAh! Eu ganhei o primeiro selinhooo AAAAH! Tá... parei rsrs daqui a pouco repasso.
Stay Strong!
XOX
Bia>
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